A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou nesta terça-feira, 3, que deixou o Brasil há alguns dias. Em um pronunciamento numa rádio bolsonarista, a parlamentar disse que foi para a Europa para cuidar da saúde e afirmou que vai pedir uma licença não remunerada da Câmara dos Deputados.
De acordo com Zambelli, ela tem cidadania europeia. A deputada também ressaltou que a decisão não foi um “abandono do País”.
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“Não é desistir da minha luta. É resistir, é poder continuar falando o que eu quero falar, é voltar a ser a Carla que eu era”, afirmou a parlamentar.
A deputada alegou ainda que estava sofrendo uma “pressão jurídica” no Brasil. “Cansei de ficar calada”, desabafou.
Ainda segundo Zambelli, a ideia de deixar o Brasil partiu de uma conversa com o blogueiro Allan dos Santos, que está foragido nos Estados Unidos.
Por meio de nota, o advogado Daniel Bialski afirmou que apenas foi comunicado da ida de Zambelli ao exterior por meio da assessoria da parlamentar.
“Eu fui apenas comunicado pela Deputada que estaria fora do Brasil para dar continuidade a um tratamento de saúde. Todavia, por motivo de foro íntimo, estou deixando a defesa da Deputada, como já lhe comuniquei. Agora, detalhes sobre ela devem ser requisitados à Karina, assessora da Deputada”, completou.
Revezes jurídicos
Em maio, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou, por unanimidade, nesta quarta-feira, 14, a deputada Carla Zambelli a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em 2023. Ainda cabe recurso contra a decisão.
A condenação pelos crimes de invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica foi obtida com os votos do relator do caso, Alexandre de Moraes, e os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Cármen Lúcia.
Com a decisão, Zambelli também foi condenada à perda do mandato após o fim de todos os recursos possíveis e o pagamento de R$ 2 milhões em danos morais coletivos, valor que deverá ser dividido com hacker Walter Delgatti, que é réu confesso e que foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão neste mesmo processo.
Conforme denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli foi a autora intelectual da invasão para emissão de um mandato falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
Segundo as investigações, o hackeamento foi executado por Delgatti, que confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.
Zambelli também responde a outro processo criminal no STF. Em agosto de 2023, Zambelli virou ré no Supremo pelo episódio em que ela sacou uma arma de fogo e perseguiu o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022.
A perseguição começou após Zambelli e Luan trocarem provocações durante um ato político no bairro dos Jardins, em São Paulo.
Até o momento, o Supremo registrou placar de 6 votos a 0 para condenar a parlamentar a 5 anos e 3 meses de prisão em regime semiaberto. No entanto, um pedido de vista do ministro Nunes Marques adiou a conclusão do julgamento.